As festas anuais em honra de Nossa Senhora do Socorro levaram este ano [2007] ao Bico do Monte, uma multidão de fiéis em número claramente superior ao habitual.
A presença do bispo de Aveiro, que presidiu às cerimónias religiosas contribuiu de forma decisiva para essa participação numa peregrinação que continua a ser das maiores da Diocese de Aveiro.Durante três dias, de sábado a segunda-feira, a vila de Albergaria-a-Velha despovoou-se em grande parte, com os habitantes a rumarem ao Bico do Monte, onde se situa o santuário de Nossa Senhora do Socorro, padroeira do concelho. A construção do templo começou no longínquo ano de 1855, e fez parte de uma promessa feita por crentes religiosos dessa época, quando uma terrível peste, denominada “cólera morbus”, dizimou milhares de pessoas do concelho, especialmente da vila e lugares de Assilhó, Frias, Sobreiro, São Marcos, Fontão e Angeja.
Desde então, há 152 anos, sem interrupção, o terceiro fim-de-semana de Agosto é dedicado às festas da Senhora do Socorro, que têm um carácter essencialmente religioso. Este ano, as cerimónias foram presididas pelo Bispo de Aveiro, D. António Francisco Santos, que pela primeira vez esteve oficialmente na ermida.
Como nota de algum negativismo, fica o registo de um visível desleixo, notado na zona circundante do santuário, onde deveria ter sido feita uma limpeza geral das ervas daninhas e secas que se espalham por todo o lado. Também o pequeno lago situado nas traseiras, perto do coreto, dava uma imagem de sujidade das águas, que, pelo menos nesta alturas das festas, deveria ter sido evitada.
Em contrapartida e como medida positiva, está absolutamente correcto ter-se imposto a retirada para fora da zona da ermida, das barracas de comes e bebes e os espaços destinados aos vendedores ambulantes, que anteriormente se espalhavam na zona nobre da vertente religiosa. Então, com o odor do incenso sagrado, a misturar-se com o cheiro intenso da sardinha assada, a mistura era mesmo “explosiva”, por incongruente e até irónica, por adulterar, de forma errática, o sagrado e o profano.
Jacinto Martins / Soberania do Povo, 22/08/2007
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