sábado, 8 de agosto de 2009

Nossa Senhora do Socorro

Em 1855 Portugal foi assolado por uma epidemia de cólera que não tardou em chegar a Albergaria-a-Velha. Só na vila, e em poucos dias, esta doença vitimou 34 pessoas entre 130 coléricos.

Como seria de esperar, estavam todos muito assustados e desesperados. Num último recurso, apelavam à providência divina para afastar este mal da vila. A população abandonava o trabalho, a casa e até a própria família para se refugiar nos recintos sagrados e suplicar clemência.

Em 18 de Outubro de 1855, um grupo de amigos, completamente angustiados com a catástrofe que se abatera sobre Albergaria devido à cólera-mórbus, invocou auxílio divino por intercessão de Nossa Senhora do Socorro, pedindo que o flagelo cessasse. Em troca fizeram o voto de erigir uma ermida na colina do Bico do Monte.

Pouco tempo depois o milagre aconteceu e a epidemia acabou tão depressa como começara. Como havia sido prometido, a capela foi construída em 1856 e em 1880 instituiu-se a Irmandade sob a gloriosa invocação.

Hoje em dia, a grande fama dos milagres desta santa atrai para o Monte muitos visitantes que vêm agradecer à Consoladora dos Aflitos a sua protecção.

Arrasta-se no tempo o hábito da romaria à colina do Bico do Monte, em Albergaria-a-Velha, onde todos os anos se realizam as festas em honra de Nossa Senhora do Socorro.

Reza a tradição que, no dia 15 de Agosto ou imediatamente no Domingo seguinte, milhares de devotos se desloquem ao santuário erguido na confluência das freguesias de Albergaria-a-Velha, Branca e Valmaior para prestarem homenagem à santa que terá ajudado a população a livrar-se de uma peste em meados do século XIX.

A peregrinação domingueira é acompanhada por uma missa solene ao fim da manhã, logo seguida de uma procissão na avenida que está em frente ao santuário com a imagem de Nossa Senhora do Socorro. A parte da tarde costuma ser preenchida com um concerto de uma banda filarmónica, complementado com uma recitação do rosário. Para finalizar este dia, o espaço transforma-se num centro de convívio, com espaço para o farnel e para a venda de vários tipos de artigos, desde os doces ao calçado.

Na segunda-feira, tem lugar uma merenda ao meio-dia e a parte da tarde volta a ser animada por nova banda, antes da eucaristia. As festividades terão adoptado estes moldes há cerca de duas décadas.

Pedro José Barros / O Aveiro
ed. 757, 10 de Agosto de 2006

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